quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ração? Não!, de Lílian Sypriano

Título: Ração? Não!

Autora: Lílian Sypriano
Ilustrador: Cláudio Martins
Editora: COMPOR

Trata-se de um gato, que não queria comer ração de jeito nenhum. E foi na tentativa de pescar um peixe, que deu tudo errado e teve que se contentar com a ração.
O livro é sem texto, mas dá para visualizar bem a história.

O livro é muito engraçado!

Asterix e Cleópatra, de Uderzo

Título: Asterix e Cleópatra

Autor: Goscinny
Ilustrador: Uderzo
Editora: Record

O livro fala sobre a história de Cleópatra e Cesar. Cesar duvidava que o povo da rainha Cleópatra conseguisse construir um palácio em três meses e Asterix vem ajudar na construção deste palácio.
Você vai conhecer um pouco do Egito e suas pirâmides ao ler este livro.

OS SETE NOVELOS, de Ângela Shelf Medearis


Título: OS SETE NOVELOS

Autor: Ângela Shelf Medearis
Ilustração: Daniel Minter
Editora: Cosacnaify

O livro fala sobre sete irmãos que sempre brigavam, pois um não concordava com o outro. O pai deles morre e os irmãos recebem um desafio do rei da aldeia. Para receber a herança eles teriam que transformar fios de lã em ouro, será que eles vão conseguir?

O conto se passa em Gana, na África. Esse livro tem dicas para fazer um cinto trançando fios.

O livro é interessante e nos deixa curiosos para saber o que vai acontecer, e nos ensina a dividir as coisas com os outros e que brigar não resolve nada.

Biografia, obras e estilo literário de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor.
Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.
Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.
Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.
Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho.
Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras.
No ano de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento de nossa literatura.

É verdade que já saiu o filme Diário de um Banana?

Sim, é verdade, já saiu o filme da série Diário de Um Banana!

Veja o trailer abaixo:

Diário de um Banana 3, A Última Gota, de Jeff Kinney

Título: Diário de um Banana 3, A Última Gota.

Autor: Jeff Kinney
Ilustrador: Jeff Kinney
Editora: V&R

A verdade é - Greg Heffley nunca deixará de ser um banana. Mas alguém precisa explicar isso ao pai dele, porque Frank Heffley ainda acredita que conseguirá 'endurecer' o filho. Claro que Greg consegue esquivar-se facilmente aos esforços do pai para mudar. Mas, quando o pai ameaça enviá-lo para uma escola militar, Greg percebe que tem de se tornar duro ou não terá salvação.

Diário de um Banana 2, Rodrick é o Cara, de Jeff Kinney

Título: Diário de um Banana 2, Rodrick é o Cara.
Autor: Jeff Kinney
Ilustrador: Jeff Kinney
Editora: V&R

Greg continua se metendo em confusão. Só que desta vez as coisas pioram - Rodrick, seu irmão, sabe de um incidente que Greg quer manter em sigilo. Mas segredos são difíceis de serem guardados, especialmente quando há um diário envolvido.

Diário de um Banana, de Jeff Kinney

Título: Diário de um Banana

Autor: Jeff Kinney
Ilustrador: Jeff Kinney
Editora: V&R

Não é fácil ser criança. E ninguém sabe disso melhor do que Greg Heffley, que se vê mergulhado no ensino fundamental, onde fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que são mais altos, mais malvados e já se barbeiam.

terça-feira, 29 de junho de 2010

A Reforma da Natureza, de Monteiro Lobato

Título: A reforma da Natureza

Autor: Monteiro Lobato
Ilustrações: Paulo Borges
Editora: Globo


Dona Benta adquire todas as terras em redor do sítio para atender a uma solicitação prodigiosa: os personagens das fábulas resolveram morar lá. Branca de Neve com os sete anões, D. Quixote e Sancho Pança, Peter Pan e os meninos perdidos do País do Nunca, a Gata Borralheira, todas as princesas e príncipes encantados das histórias da carochinha, os heróis da mitologia grega, tudo, tudo que é criação da Fábula muda-se com armas e bagagens para o Picapau Amarelo, levando os castelos, os palácios, as casinhas mimosas como a de Chapeuzinho Vermelho e até os mares. Peter Pan transporta pra lá até o Mar dos Piratas. Acontecem maravilhas; mas no casamento de Branca de Neve com o príncipe Codadad, o maravilhoso sítio é assaltado pelos monstros da Fábula - e no tumulto tia Nastácia desaparece...

Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato

Título: Caçadas de Pedrinho

Autor: Monteiro Lobato
Ilustrações: Paulo Borges
Editora: Globo

Pedrinho organiza uma caçada de onça e sai vitorioso, como também sai vitorioso do ataque das onças e outros animais ao sítio de dona Benta. Depois encontra um rinoceronte, fugido de um circo do Rio de Janeiro, que se refugiara naquelas matas - um animal pacatíssimo do qual Emília tomou conta, depois de batizá-lo de Quindim.

?Quem Casa Quer Casa? de Tatiana Belinky

Título: ?Quem Casa Quer Casa?

Autora:Tatiana Belinky
Ilustrações: Alcy
Editora: Global

Mujim, um caramujo, e Lelé, uma lesminha roliça e gorducha, são os protagonistas dessa história criada com muito humor por Tatiana Belinky.Mujim, embora sofresse gozações dos outros animais por ser muito lerdo, orgulhava-se de ter sua própria casa. Ando devagar porque carrego minha casa nas costas. Pesa, mas vale a pena. Ao conhecer Lelé, tão vagarosa quanto ele, logo se entusiasma e a pede em casamento. A lesminha hesita. Seu desejo era casar-se com doutor. Seduzida, porém, pelo convincente caramujo de que ela teria uma casa, aceita.Depois do casamento precipitado, surge um obstáculo: Lelé não consegue passar pela porta. Está criado o conflito. A autora trabalha com leveza questões significativas do cotidiano da criança, como a responsabilidade pelas escolhas, o interesse e a tolerância no relacionamento com o outro.

O BAÚ DE HISTÓRIAS, de Gail E. Haley

Título: O Baú de Histórias

Autor: Gail E. Haley
Ilustrador:Gail E. Haley
Editora: Global



O livro fala sobre a África que não tinha histórias, então o homem aranha faz uma teia até o céu para pedir ao Deus do céu o baú de ouro das histórias. Mas para o homem aranha o ganhar o baú de histórias, ele tinha que pagar um preço. As tarefas eram muito difíceis e esta é a parte mais interessante.

Se você ler este livro, você vai conhecer algumas lendas da África. É muito legal!!!
Gilvan Junior Martins Ferreira e Carlos Reis de Santana Junior - 3º ano A

MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA, de Ana Maria Machado

Título: Menina Bonita do Laço de Fita

Autora: Ana Maria Machado
Ilustrações: Claudius
Editora: Ática

O livro fala de um coelho que queria ser igual à Menina Bonita do Laço de Fita. Ele gostava da cor da menina e ficava fazendo tudo o que a menina falava para ser pretinho como ela.

Este livro é muito engraçado!!!
Ícaro de Lima Santos e Alexandre Rodrigues de Oliveira 4ª A

EUZÉBIA ZANZA, de Camila Filinger

Título: Euzébia Zanza

Autora: Camila Fillinger
Ilustradora: Suppa
Editora: Girafinhas

O livro fala sobre uma menina, Euzébia , que queria subir no topo de uma montanha. Ela não podia subir no topo de uma montanha de verdade, então ela criou uma montanha com sua imaginação e chegou ao topo dela e depois, Euzébia, sem passar por nenhuma porta, entrou num castelo.

Nós gostamos muito do livro porque ele mostra
como podemos usar a imaginação, o pensamento.
Letícia Alves da Cruz - Kaíque Artur de Alquimim 4ª B,
Henrique Silva Santos, Mônica Lima da Silva 4ª A.

ASTERIX LEGIONÁRIO, de Goscinny

Título: Asterix legionário


Autor: Goscinny
Ilustrador: Uderzo
Editora: Record



O livro fala sobre brigas, lutas e amizade. A história se passa em 50 a.C. na época do Império Romano. A luta acontece porque os romanos estão explorando muito os escravos e Asterix resolve protestar para pararem de maltratar os escravos.

Alice e Gustavo, 4ºano B

ANA e ANA, de Célia Godoy

Título:Ana e Ana


Autora: Célia GodoyI
lustrações: Fê
Editora: Difusão Cultural do Livro



O livro é sobre irmãs gêmeas, Ana Carolina e Ana Beatriz. Desde quando elas eram recém-nascidas e eram muito parecidas, passando pela adolescência até a fase adulta. Apesar de serem iguais por fora, por dentro elas eram diferentes.

IMPRESSÕES E INDICAÇÕES DE LEITURAS

A leitura, que é um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, com a invenção da imprensa, tornou-se uma atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo múltiplas finalidades. Envolve em primeiro lugar, a identificação dos símbolos impressos (letras e palavras) e o relacionamento destes com os seus respectivos sons. Entretanto, para que haja leitura não basta apenas a decodificação dos símbolos, mas a compreensão e a análise crítica do texto lido. Quando não há compreensão pela criança do que se lê no texto, esta leitura deixa de ser interessante, prazerosa e motivadora. Pode-se considerar então que uma criança lê, quando esta entende o que o texto retrata.

Biografia de Célia Cris Silva

Célia Cris Silva nasceu em Santos, litoral de São Paulo, no dia 8 de maio de 1966, às 2h da manhã. Era um domingo, dia das Mães. É a caçula de três irmãos.
Mudou-se para a capital paulista, com a família, aos 5 anos.
Formou-se professora no antigo curso de Magistério e estudou Letras – Português/Inglês. Depois fez uma especialização em Leitura de Múltiplas Linguagens.
Foi professora de Ensino Fundamental em escolas públicas e privadas.
Lecionou na FEBEM, foi voluntária em asilo de velhinhos, orfanatos, fez parte de movimentos de jovens e já adorava contar histórias para quem estivesse por perto. Queria ser atriz, mas desistiu.
Cansada de ver erros nos livros, reclamou tanto com as editoras que acabou indo trabalhar como revisora de textos.
Trabalhou em importantes editoras de São Paulo e do Paraná. Foi assistente editorial, editora, gerente editorial e diretora editorial. Ajudou a lançar muitos escritores e ilustradores. Preparou novos editores e deu aula na PUCPR, ensinando seu ofício. Foram 23 anos dedicados à edição e publicação de livros.
Morou em São Paulo, em Salvador e vive em Curitiba desde 1999, onde se dedica a escrever profissionalmente. Escreve de quase tudo: livros didáticos e paradidáticos, contos, romances.
Seu primeiro livro de literatura infantil, Ana e Ana, foi selecionado pelo Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, para integrar o projeto A cor da Cultura e virou animação. Esse mesmo livro vem sendo indicado pela Unesco e pelo Unicef em documentos que falam da construção de uma identidade afrobrasileira.
Em 2009 um livro paradidático que escreveu com dois colegas ganhou um prêmio Jabuti.
Publicou mais livros infantis e um cordel. Três de seus livros foram avaliados e selecionados por um programa de governo e comprados na versão braile.
Célia acredita no poder curador das narrativas e acredita que a literatura pode ajudar o ser humano a compreender a si mesmo e ao mundo que o cerca. Por isso é escritora e adora contar histórias... quando a memória não falha!

Opinião de Leticia B. Marques sobre as obras de Célia Cris Silva

Os livros da Célia Cris Silva são sempre baseados na estória de vida de alguma pessoa, e como dizia José Saramago em seu livro A MAIOR FLOR DO MUNDO - "As histórias para crianças, devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usa-lás complicadas" a autora Célia Cris Silva também escreve do modo que as crianças possam entender. Gostei muito dos livros dela !!!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Como o Blog foi Criado

Bom, eu fui criado pelo Samuel, aluno da E.M.E.F. "Elias Shammass", e também com a ajuda das professoras Lúcia e Celina, que são as POSLs (Professoras Orientadoras da Sala de Leitura).No curso LEITURA AO PÉ DA LETRA as professoras receberam a orientação para a criação do CLUBE DE LEITURA através da docente Célia Regina Pereira do Nascimento.(Mestre em Literatura Brasileira pela USP, pesquisadora de Cultura Popular, professora convidada na Unicamp, dos programas de Literatura da TV Escola. Coordenadora de Projetos Leitura em escolas, Institutos e Fundações, como Arrastão, AMEe Ecoteca Professora convidada do CEDAC, autora de publicações paradidáticas). Após a sua fundação em 31/05/2010 e com o envolvimento dos alunos percebemos a necessidade da divulgação deste trabalho. Assim achamos imprescindível a criação deste blog para que mais pessoas possam compartilhar dos conhecimentos adquiridos nestes encontros. E é por causa disto que existo.
Espero que vocês gostem de mim e que aproveitem tudo que aqui encontrar!!!

Aula de leitura

A leitura é muito mais
do que decifrar palavras;
quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender:
vai ler nas folhas do chão
se é outono ou se é verão;
nas ondas soltas do mar,
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa,
se trabalha ou se é à-toa;
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém,
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou vai lento;
e também na cor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.


Ricardo Azevedo

Ensaio sobre a Cegueira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa

Nota: Se procura o filme, veja Ensaio sobre a Cegueira (filme)Ensaio sobre a Cegueira
Autor: José Saramago
Idioma: português
País: Portugal
Gênero romance
Editora: Editorial Caminho
Lançamento: 1995
Páginas: 310
ISBN: 972-21-1021-7

Edição brasileira
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 312
ISBN: 8571644950

Ensaio sobre a cegueira é um romance do escritor português José Saramago, publicado em 1995 e traduzido para diversas línguas. A obra se tornou uma das mais famosas de seu autor, juntamente com Todos os nomes, Memorial do Convento e O Evangelho segundo Jesus Cristo.
Versão teatral
Em 26 de Fevereiro de 2008 estreou nos palcos da Casa de Cultura Laura Alvim a versão teatral de Ensaio sobre a Cegueira. A direção é de Patrícia Zampiroli, conhecida pelas montagens de Roda Viva e Os Sete Gatinhos.
No Elenco estão doze atores - três da Andantes Cia. Teatral e nove escolhidos por teste - que se revezam na interpretação dos personagens, até mesmo os principais, utilizando adereços característicos para identificação. O cenário é predominantemente branco: uma opção de manter a idéia monocromática da cegueira que acomete os personagens. A adaptação consumiu três meses de trabalho e resultou em um espetáculo dividido em três etapas, assim como a narração do livro. Um outro componente importante é a trilha sonora de Dida Mello.
Além do Teatro Laura Alvim, a peça passou também pelo Teatro da UNIRIO, pelo Teatro Municipal de Macaé e também pelo Teatro da UFF, em Niterói.
Aos olhos de Saramago (autor)
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
Resumo/contexto da obra literária
Esta obra, de José Saramago, faz uma intensa crítica aos valores da sociedade, e ao que acontece quando um dos sentidos vitais falta à população.
A cegueira começa num único homem, durante a sua rotina habitual. Quando está sentado no semáforo, este homem tem um ataque de cegueira, e é aí, com as pessoas que correm em seu socorro que uma cadeia sucessiva de cegueira se forma… Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, alastra-se rapidamente em forma de epidemia. O governo decide agir, e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano. A força da epidemia não diminui com as atitudes tomadas pelo governo e depressa o mundo se torna cego, onde apenas uma mulher, misteriosa e secretamente manterá a sua visão, enfrentando todos os horrores que serão causados, presenciando visualmente todos os sentimentos que se desenrolam na obra: poder, obediencia, ganância, carinho, desejo, vergonha; dominadores, dominados, subjugadores e subjulgados. Nesta quarentena esses sentimentos se irão desenvolver sob diversas formas: lutas entre grupos pela pouca comida disponibilizada, compaixão pelos doentes e os mais necessitados, como idosos ou crianças, embaraço por atitudes que antes nunca seriam cometidas, atos de violência e abuso sexual, mortes,…
Ao conseguir finalmente sair (devido a um fogo posto na camarata de uma grupo dominante, que instalara ainda mais o desespero controlando a comida a troco de todos os bens dos restantes e serviços sexuais) do antigo hospício onde o governo os pusera em quarentena, a mulher que vê depara-se com a ausência de guarda: “a cidade estava toda infectada”; cadáveres, lixo, detritos, todo o tipo de sujidade e imundice se instalara pela cidade. Os cegos passaram a seguir os seus instintos animais, e sobreviviam como nômades, instalando-se em lojas ou casas desconhecidas.
Saramago mostra, através desta obra intensiva e sofrida, as reacções do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono. Leva-nos também a refletir sobre a moral, costumes, ética e preconceito através dos olhos da personagem principal, a mulher do médico, que se depara ao longo da narrativa com situações inadmissíveis; mata para se preservar e aos demais, depara-se com a morte de maneiras bizarras, como cadáveres espalhados pelas ruas e incêndios; após a saída do hospício, ao entrar numa igreja, presencia um cenário em que todos os santos se encontram vendados: “se os céus não vêem, que ninguém veja”…
A obra acaba quando subitamente, exatamente pela ordem de contágio, o mundo cego dá lugar ao mundo imundo e bárbaro. No entanto, as memórias e rastros não se desvanecem.
Personagens
José Saramago não faz a distinção de personagens pelos seus nomes, mas sim pelas suas características e particularidades. Entre os personagens principais, temos o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o médico, a mulher do médico (que vê), a rapariga dos óculos escuros, o velho com a venda no olho e o rapazinho estrábico. Vão aparecendo ao longo do livro outros personagens secundárias, como o cego da pistola, o cego que escreve em braile, o ladrão, os soldados, a velha do primeiro andar,o cão de lágrimas…
A rapariga dos oculos escuros – “Mãezinha, paizinho…Não está ninguém, disse a rapariga dos óculos escuros, e desatou-se a chorar encostada à porta…, não tivéssemos nós aprendido o suficiente do complicado que é o espírito humano, e estranharíamos que queira tanto a seus pais, ao ponto destas demonstrações de dor, uma rapariga de costumes tão livres,…”

Tipo de escrita
Podemos concluir que a obra é de difícil leitura devido a dois importantes factores:
o contexto filosófico de Saramago
o estilo de escrita – poucos paragrafos, poucos pontos finais, falas entre vírgulas,… - o que exige uma verdadeira concentração na leitura
Excertos
“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”
“O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui.”
“Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam”

Biografia de José Saramago

Biografia


José Saramago nasceu na
vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, de uma família de pais e avós agricultores. A sua vida é passada em grande parte em Lisboa, para onde a família se muda em 1924 – era um menino de apenas dois anos de idade. Dificuldades económicas impedem-no de entrar na universidade. Demonstra desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que esta curiosidade perante o Mundo o acompanhou até à morte. Formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi de serralheiro mecânico. Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias.
José Saramago no Festival Internacional de Filmes de San Sebastián segurando a tradução em língua persa do seu livro Ensaio sobre a Cegueira.
Aos 25 anos, publica o primeiro romance Terra do Pecado (
1947), no mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e com quem permaneceu até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário público. Em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu até à morte. Em 1955 e para aumentar os rendimentos, começou a fazer traduções de Hegel, Tolstoi e Baudelaire, entre outros.
Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permanece inédito até à data de hoje. Persiste, contudo, nos esforços literários e, dezenove anos depois, funcionário,então, da Editorial Estudos Cor, troca a
prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis. Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias (DN) e, depois, no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao DN como Director-Adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. É, hoje, controverso o modo ditatorial como saneou jornalistas do DN. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista: "(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista à revista Playboy, em 1988.
Da experiência vivida nos jornais, restaram quatro crónicas: Deste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não são as crónicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque - esta missão está reservada aos seus romances, género a que retorna em 1977.
Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo saramaguiano só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.
Dois anos depois de Levantado do Chão (1982), surge o romance Memorial do Convento, livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou factos reais com personagens inventados: o rei
D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com a misteriosa Blimunda e o operário Baltazar, por exemplo. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e contrutor da história servem de metáfora à medida da luta de classes marxista. A crítica brutal a uma Igreja ao serviço dos opressores inicia a exposição de uma tentativa de destruição do fenómeno religioso como devaneio humano construtor de guerras.
De 1980 a 1991, o autor trouxe a lume mais quatro romances que remetem a factos da realidade material, problematizando a interpretação da "história" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) - sobre as andanças do heterónimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986) - em que se questiona o papel Ibérico na então CEE através da metáfora da Península Ibérica soltando-se da Europa e encontrando o seu lugar entre a velha Europa e a nova América; História do Cerco de Lisboa (1989) - onde um revisor é tentado a introduzir um "não" no texto histórico que corrige, mudando-lhe o sentido; e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) - onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo que não é Deus e se revolta contra o seu destino e onde, a fundo, questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte. (sendo esta a sua obra mais controversa).
Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio Sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte.
Saramago faleceu no dia 18 de Junho de 2010
, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio, vítima de leucemia crónica. O escritor estava doente há algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida.
O seu funeral teve Honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado em Lisboa.
Debeladas as controvérsias a que nunca se furtou e que interventivamente procurava, a marca que ficará na mente e coração do Povo Português será o legado que José Saramago deixará e isso compete à história decidir .

Homenagem à José Saramago



O
CLUBE DE LEITURA
DA
EMEF
ELIAS SHAMMASS

HOMENAGEIA
JOSÉ SARAMAGO









domingo, 27 de junho de 2010

LER É BOM DEMAIS

Ler é bom?


Bom? Ler é bom demais. Ler é ótimo. Ler é mais do que necessário. Enriquecedor. Imprescindível. Mas a verdade é que talvez você só leia “de vez em quando”. Ou até leia com certa freqüência, mas gostaria de ler melhor, ou de ler mais, num país em que se costuma dizer que as pessoas lêem muito pouco, falam mal e escrevem pior ainda.
Diante do desinteresse mais ou menos generalizado pelo livro (que não é só um problema brasileiro, é mundial), cuja raiz está na educação familiar e escolar, nós, professores, em desespero de causa, costumamos cometer um erro fatal. Obrigamos os jovens a lerem Iaiá Garcia de Machado, Iracema de Alencar, Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, O Cortiço de Aluísio, ou um outro romance-cortiço qualquer, ou um romance açucarado ou, pior ainda, o último best-seller, com os seus conhecidos ingredientes de muito sangue, sexo e agora esoterismo. Democraticamente, impomos a todos que leiam o mesmo livro e, na prova, respondam (quase) da mesma forma.
Resultado: fazemos justamente o contrário do que queríamos. Tornamos o ato de ler um dever desagradável, irritante, e convertemos o livro num símbolo do constrangimento, da cobrança e do fracasso. Geramos, assim, pessoas complexadas, novos analfabetos funcionais que, na frase do poeta Mario Quintana, “são os que aprenderam a ler e não lêem”, e completo: são os que aprenderam a escrever e não escrevem.
Trabalhamos com a maior boa vontade, sem dúvida, pois ansiamos fazer entender aos jovens que o hábito de ler é meio caminho andado para uma pessoa ser intelectual e socialmente saudável e, em todas as áreas, um profissional completo. O fato, no entanto, é que muitos dos que alcançam e concluem o curso superior continuam alheios ou, o que é pior, avessos aos livros. Para o resto da vida, só lerão “de vez em quando”: manuais técnicos, o caderno de esportes do jornal, a revista mensal ilustrada, qualquer coisa em que o interesse imediato pelo assunto supere a barreira de uma incapacidade quase física para ler textos exigentes e substanciais.
Ou será que nós, professores e pais, não os motivamos realmente a ler?
* * *
Forçar ou proibir?
Não tem sentido forçar alguém a fazer algo, mesmo que seja algo maravilhoso e fundamental para a sua felicidade. O que posso e devo fazer é expor à pessoa os motivos racionais em que se baseiam meus conselhos, motivos que, se quiser, ela transformará em idéias claras, idéias que, graças a uma vontade firme, se traduzirão em ações responsáveis, e essas, finalmente, num hábito arraigado.
Por que vale a pena adquirir o hábito de ler? Uma primeira resposta é que os livros fornecem bastante matéria intelectual e emocional. As idéias e os sentimentos não caem do céu nem brotam no jardim. Ler é alimentar-se espiritualmente, é adquirir aquela inquietação interior — bem como uma série de convicções —, a indescritível riqueza íntima de quem está atento à vida, de quem carrega consigo a vontade de conhecer e amar infinitamente.
Mas desde agora faço uma ressalva. Se os livros são importantíssimos para a aquisição de uma cultura humanista e de um “estofo”, não são os únicos meios nem devem ser encarados como A Solução Exclusiva. É preciso, entre outras coisas, que convivamos com pessoas que saibam conversar. “Papear” sobre os mil e um temas da vida com colegas e amigos razoavelmente cultos e que utilizem bem da linguagem exercita-nos o raciocínio e potencia a nossa capacidade de entender e, como conseqüência da reciprocidade intrínseca numa conversa, de fazer-nos entender.
O cinema é outra possibilidade de crescimento cultural. Filmes como “O feitiço do tempo” (Groundhog Day), que reflete, à Frank Capra, sobre o valor de 24 horas bem vividas; “O jardim secreto” da cineasta polonesa Agnieszka Holland, delicadíssima fábula sobre o mundo infantil; “A Bela e a Fera” da Walt Disney, um desenho animado impecável; “A festa de Babette”, filme franco-dinamarquês sobre a felicidade humana; ou como “Tempos de glória” (Glory), que nos fala da nobreza e do compromisso a um ideal — são todos obras-primas que nos aprimoram enquanto seres humanos.
Contudo, as redações do vestibular e os textos, documentos e cartas nas relações sociais e de trabalho mostram-nos à saciedade que há muito o que consertar, e por todos os lados. Multidões de estudantes e profissionais sentem-se perplexos na hora de redigir, ou de falar em público, sobre um assunto acessível. E sofrem bastante. Tenho acompanhado de perto este sofrimento, que se torna crônico quando nós, professores (tantas vezes igualmente submetidos a injustiças que nos desanimam), reclamamos da sociedade consumista, criticamos a subcultura reinante, ameaçamos os alunos preguiçosos, anatematizamos as telenovelas (no que, aliás, estamos cobertos de razão).
Bom, digamos isso ou aquilo, a realidade é que não temos a fórmula mágica de como sair desse beco sem saída, do qual só os próprios interessados poderão escapar, se tomarem a decisão séria de investir no auto-aperfeiçoamento intelectual, na auto-educação, recorrendo, sobretudo (e agora volto a enfatizar a nossa questão), a uma leitura constante e bem assimilada.
Às vezes penso que o melhor mesmo seria proibir expressamente que as pessoas lessem, em primeiro lugar os jovens, o que levaria todos nós a ler por conta própria. Porque parece que o proibido sempre atraiu o ser humano, e, desde o começo do mundo, foi o estopim de muitas curiosidades. Contou um humorista que Deus, na sua primeira conversa com Adão, disse-lhe: “Meu filho, você pode comer os frutos de todas as árvores do Éden, só de uma delas é que é proibido”. E imediatamente Adão se agitou: “Proibido? Proibido?
Onde está, onde?”
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Abrindo um parêntese...
De nada adiantará a qualquer um de nós, escrevamos/falemos mal ou menos mal, sentir-se culpado por não ler tanto ou tão bem quanto gostaria e, como decorrência quase fatal, por não escrever e falar com mais fluidez, com mais criatividade, com mais segurança. Além de compreendermos os motivos razoáveis que justifiquem um esforço por se tornar um bom leitor e uma pessoa que se comunique agradavelmente, é necessário que se faça uma descoberta íntima, intransferível. A descoberta do prazer da leitura.
Se existe gente que gasta mais dinheiro com refrigerantes do que com livros, é pelo simples fato de que gosta de refrigerante, de que sente prazer em bebê-lo. As crianças que, desde os primeiros anos de vida, se habituam a manusear livros infantis coloridos e ouvem histórias inventadas pelos pais e avós; que, mais tarde, lêem aventuras cujos protagonistas são crianças da sua mesma idade; que, com o tempo, conhecem autores estimulantes como Michael Ende, Monteiro Lobato, C.S. Lewis, Hans Christian Andersen, Mark Twain, Júlio Verne, e tantos outros; essas pessoas sentem um imenso prazer na leitura, porque experimentaram esse prazer de modo adequado às etapas da sua vida, e em doses certas, até o ponto de tomarem consciência de que, juntamente com o prazer que oferece, a leitura transmite raciocínios, faz germinar idéias, ensina silenciosamente a escrever e a falar com clareza, estimula a imaginação, amadurece a sensibilidade etc.
Se por algum motivo não tivemos a sorte de percorrer essa suave ladeira, e subitamente fomos obrigados a ler autores que nada nos diziam, criando em nós uma verdadeira alergia aos livros, a possível solução, para já, é tentar descobrir, sem medo de decepcionar-se, uma leitura que de verdade nos faça sentir prazer, um envolvente prazer espiritual.
Prazer que se produz em nós quando deparamos com um texto que tem o sabor da vida. A propósito, lembro-me sempre do conselho de Ítalo Calvino que insistia na necessidade de procurarmos os nossos “clássicos pessoais”, livros que lemos e relemos, não por obrigação, mas por amor e por prazer.
Essa descoberta personalíssima da leitura nunca será tardia. Seja quando for, o importante é ter a coragem de investir tempo, mesmo que apenas uns singelos 10 minutos diários, para desfrutar de um livro que realmente apaixone.
Há, sem dúvida, casos de pessoas cujo temperamento ativo e “atirado” faz rejeitar a leitura como uma lamentável perda de tempo. São pessoas que preferem viver uma aventura real a ler uma inventada, e, adeptos convictos da linha praticista, aprendem vendo ou ouvindo mais do que lendo. A sua decorrente dificuldade para escrever é muitas vezes compensada pela “ginga”, pela simpatia ou por uma habilidade puramente técnica. Enfim, embora isso não justifique o desprezo aos livros, felizmente nem tudo no mundo dependerá de conhecermos Machado de Assis ou La Rochefoucauld.
Fechemos o parêntese.
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A leitura com dedicação
A leitura bem feita deflagra um complexo exercício interior de difícil descrição. Ao ler, ponho em ação os sentimentos, a vontade, a memória, a imaginação, a inteligência. Nasce dentro de nós uma agitação bem organizada, como a dos formigueiros e das colméias. As palavras são verdadeiras embaixatrizes da realidade. Fisicamente distante de um vulcão, trago-o para perto, para dentro de mim quando leio a palavra “vulcão”. Aparentemente absorto do mundo e distante de todos, o leitor, na verdade, está fugindo em direção ao mundo, está se unindo a todos.
A fome de conhecer e de amar através da leitura manifesta-se claramente quando recorremos ao dicionário, o “pai dos inteligentes”, a fim de descobrir ou ampliar a definição de palavras desconhecidas e, portanto, abraçar novas facetas da realidade e da humanidade, abraçá-las e deixar que elas nos abracem.
Mas para abraçar o máximo de realidades veiculadas pelas palavras é necessário um esforço adicional: concentrar-se.
Uma leitura dispersiva é pura perda de tempo. Concentrar-se pressupõe abrir o livro com a disposição de dedicar-se à leitura.
Dizem, em tom de brincadeira, que D. Pedro II lia muito bem porque o fazia com os cinco sentidos. Com a vista, naturalmente; com o tato, segurando o livro; com a audição, ouvindo o barulho das páginas ao serem folheadas; com o olfato, sentindo o cheiro da tinta impressa; e com o paladar, quando molhava o dedo indicador na língua para virar as páginas com mais facilidade...
O cúmulo da leitura dispersiva é fazer como aquele que vai ler para pegar no sono. As regras dessa arte são muito simples: “Meta-se na cama numa posição confortável, certifique-se de que a luz é insuficiente, de modo a causar ligeira fadiga ocular, escolha um livro que seja tremendamente difícil ou tremendamente maçante — de qualquer forma, um que realmente pouco lhe importe ler ou não — e estará dormindo em poucos minutos. Os peritos em repousar com um livro nas mãos não precisam esperar o anoitecer. Basta-lhes uma cadeira confortável na biblioteca a qualquer hora” [Mortimer J. Adler, A arte de ler. Rio de Janeiro: Agir, pág. 54.].
E, falando em dispersão, lembro-me que não foi uma só vez que presenciei (e até participei) do seguinte diálogo:
— O que você anda lendo atualmente?
— Estou lendo um livro legal!
— Ah, é? E como se chama?
— Como se chama? Quer dizer... o título dele?
— Isso, o título.— Esqueci...
— Mas quem é o autor?
— Ah, o autor é... é... Como é mesmo o nome do autor?
— É brasileiro?
— É. Acho que é... Escreve legal...
— Você não lembra do autor nem do título?
— Olha, é um livro dessa largura... e tem capa verde... Mas é legal!
Se a cor da capa e o tamanho são as únicas referências do livro retidas pelo distraído leitor, será que ele está realmente aproveitando a leitura?

Fonte:http://www.perisse.com.br/Ler_Pensar_Escrever_o_livro_parte.htm

PRÊMIOS RECEBIDOS POR LYGIA BOJUNGA


1971 Prêmio INL (Instituto Nacional do Livro) – Os colegas – Ed. José Olympio;

1973 Prêmio Jabuti – Os colegas – Ed. José Olympio;

1974 Lista de Honra – International Board on Books for Young People (IBBY) – Os colegas – Ed. José Olympio;

1975 O Melhor para a Criança – FNLIJ – Angélica – Ed. AGIR;

1976 O Melhor para a Criança – FNLIJ – Os colegas – Ed. AGIR;

1978 O Melhor para o Jovem – FNLIJ – A casa da madrinha – Ed. AGIR;

1978 Lista de Honra – IBBY – Os colegas – Ed. AGIR;

1979 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Corda bamba – Ed. AGIR;

1980 Altamente Recomendável para tradução nos países-membros da Organização Internacional para o Livro Infantil e juvenil, por sua obra;

1980 Grande Prêmio APCA (Críticos Autorais) – O sofá estampado – Ed. José Olympio;

1980 O Melhor para o Jovem – FNLIJ – O sofá estampado – Ed. José Olympio;

1982 Prêmio HANS CHRISTIAN ANDERSEN – IBBY (pelo conjunto de sua obra) – o mais tradicional prêmio internacional de literatura para crianças e jovens;

1982 Prêmio Bienal Banco Noroeste de Literatura Infantil e Juvenil – O sofá estampado – Ed. José Olympio;

1985 Prêmio literário O Flautista de Hamelin – A casa da madrinha – Ed. AGIR – outorgado pela cidade de Hamelin, Alemanha;

1985 Prêmio Os Melhores para a Juventude – A casa da madrinha – Ed. AGIR – concedido pelo Senado de Berlim;

1985 Prêmio Molière (Teatro) – O Pintor – Ed. AGIR;

1985 O Melhor para o Jovem – FNLIJ – Tchau – Ed. AGIR;

1986 Prêmio Mambembe de Teatro: O Pintor – Ed. AGIR;

1987 Seleção dos melhores livros da Biblioteca Internacional da Juventude de Munique – Tchau – Ed. AGIR;

1990 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Nós Três – Ed. AGIR;

1992 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Fazendo Ana Paz – Ed. AGIR;

1992 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Paisagem – Ed. AGIR;

1993 Prêmio Jabuti – Câmara Brasileira do Livro (CBL) – Fazendo Ana Paz – Ed. AGIR;

1993 Prêmio White Ravens – Fazendo Ana Paz – Ed. AGIR;

1996 Prêmio Orígenes Lessa – Hors Concours – FNLIJ – O abraço – Ed. AGIR;

1996 Prêmio Orígenes Lessa – Hors Concours – FNLIJ – Seis vezes Lucas – Ed. AGIR;

1996 Altamente Recomendável – FNLIJ – O abraço – Ed. AGIR;

1996 Altamente Recomendável – FNLIJ – Seis vezes Lucas – Ed. AGIR;

1997 Prêmio Jabuti – Câmara Brasileira do Livro (CBL) – Seis vezes Lucas – Ed. AGIR;

1997 UBE (União Brasileira de Escritores) – Prêmio Adolfo Aizen – O abraço – Ed. AGIR;

1999 Altamente Recomendável – FNLIJ – O Rio e eu – Ed. Salamandra;

1999 Prêmio Orígenes Lessa – Hors Concours – O Melhor para o Jovem – FNLIJ – A cama – Ed. AGIR;

2000 Prêmio Júlia Lopes de Almeida – Hors Concours – União Brasileira de Escritores – UBE – A cama – Ed. AGIR;

2002 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Retratos de Carolina – Ed. Casa Lygia Bojunga;

2004 ALMA – Astrid Lindgren Memorial Award (pelo conjunto de sua obra) – o maior prêmio internacional jamais instituído em prol da literatura para crianças e jovens, criado pelo governo da Suécia;

2004 Prêmio FAZ DIFERENÇA ( personalidade literária do ano ) - O GLOBO;

2007 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Aula de inglês – Ed. Casa Lygia Bojunga;

2007 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Sapato de salto – Ed. Casa Lygia Bojunga;

2010 Altamente Recomendável para o Jovem – FNLIJ – Querida – Ed. Casa Lygia Bojunga.

Vida e Obras de LYGIA BOJUNGA


Escritora brasileira, escreveu inicialmente os seus livros sob o nome Lygia Bojunga Nunes. Nasceu em Pelotas no dia 26 de agosto de 1932 e cresceu numa fazenda. Aos oito anos de idade foi para o Rio de Janeiro onde em 1951 se tornou atriz numa companhia de teatro que viajava pelo interior do Brasil. A predominância do analfabetismo que presenciou nessas viagens levou-a a fundar uma escola para crianças pobres do interior, que dirigiu durante cinco anos. Trabalhou durante muito tempo para o rádio e a televisão, antes de debutar como escritora de livros infantis em 1972. Num continente que se tornou conhecido por seu realismo mágico e contos fantásticos, a literatura infantil brasileira caracteriza-se por uma acentuada transgressão dos limites entre a fantasia e a realidade. Lygia Bojunga é uma escritora que perpetuou esta tradição e a tornou perfeita. Para ela, o quotidiano está repleto de magia: onde brotam os desejos tão pesados que literalmente não é possível erguê-los, onde alfinetes e guarda-chuvas conversam tão obviamente como os peões e as bolas, onde animais vivem vidas tão variadas e vulneráveiscomo as pessoas. Imperceptivelmente, o concreto da realidade transforma-se noutra coisa, não num outro mundo, mas num mundo dentro do mundo dos sentidos, onde a linha entre o possível é tão difusa como fácil de ultrapassar. A tristeza vive com Bojunga juntamente com o conforto, a calma alegria com a estonteante aventura e no centro da fantasia da escrita está a criança, muitas vezes sozinha e abandonada, sempre sensível, sempre cheia de fantasias. A morte não é tabu, a desilusão também não, mas além da próxima esquina, espera a cura. Numa prosa lírica e marcante, pinta as suas imagens e não importa se a solidão é muito amarga, há sempre um sorriso que expressa uma compaixão com os mais pequenos, que nunca se torna sentimental. Os textos de Bojunga baseiam-se fortemente na perspectiva da criança. Ela observa o mundo através dos olhos brincalhões da criança. Aqui é tudo possível: os seus personagens podem fantasiar um cavalo no qual cavalgam a galope ou desenhar uma porta numa parede, que atravessam no momento seguinte. As fantasias servem geralmente para ultrapassar experiências pessoais difíceis: quando a personagem principal em Corda Bamba, 1979 usa uma corda para entrar uma casa estranha com muitas portas fechadas, do outro lado da rua, é na prática uma forma de curar a tristeza depois de ter perdido os seus pais numa morte inesperada. Em A Casa da Madrinha, 1987 percebemos depressa que as experiências fantásticas de Alexandre durante a sua busca pela casa longínqua de sua madrinha são na realidade concretização das fantasias de felicidade e amparo de um menino da rua abandonado. É uma história que se aproxima do conto de Astrid Lindgren Sunnanäng. A fantasia psicológica de Bojunga emerge novamente nos contos com animais: quando o tatuzinho Vítor em O Sofá Estampado, 1980 se sente nervoso, começa a tossir e arranhar o sofá – até entrar um momento mais tarde nos seus tempos de infância. O realismo mágico e perspicácia psicológica reúnem-se a uma paixão pelo social e pela democracia. Bojunga, que começou a escrever quando ainda dominava a ditadura no Brasil, dirigia atividades subversivas. Isto torna-se mais fácil em literatura infantil porque – nas palavras de Bojunga – os generais não lêem livros destinados às crianças. Nestes livros, encontram-se galos de briga com o cérebro costurado com arame e pavões com filtros de pensamento que se removem com um saca-rolhas. Os ventos da liberdade são fortes nos livros de Bojunga, onde a crítica contra a falta de igualdade entre os sexos é um tema recorrente. Mas Bojunga nunca dá sermões, o sério é sempre equilibrado pela brincadeira e o humor absurdo. Os sonhos inflados de Raquel em A Bolsa Amarela, 1976, são literalmente perfurados por um alfinete, e transformados em pipas de papel que voam para bem distante à mercê dos ventos. Bojunga (que costuma apresentar-se em público com monólogos dramáticos) tem o dom da narrativa oral que prende o leitor logo na primeira página. Também escreveu peças teatrais e gosta de usar descrições cênicas. Num dos seus livros, Angélica, 1975, incluiu uma peça de teatro completa. Não é sempre a história em si que é o mais importante nos seus livros, por vezes une-se um acontecimento ao outro em longas cadeias (como nas narrativas orais), onde o personagem principal poderá por vezes desaparecer do centro de atenção.
A tônica está na própria narrativa, com os seus tons humorísticos e poéticos, e na sensação estranha de liberdade que brota quando tudo é possível. A forma refinada como Bojunga deixa cores expressarem emoções contribui fortemente para a extraordinária beleza dos seus livros. Esta expressão é talvez mais marcante em O Meu Amigo Pintor, 1978 (também transformado em peça teatral), que descreve como um personagem, um menino, tenta curar a sua tristeza pela morte de um pintor com a ajuda das cores. Um relógio é amarelo ao tocar as horas, para voltar a ser branco quando pára. Amarelo é a cor preferida de Bojunga, ligada à alegria da vida, tornou-se o tema predileto desde o seu primeiro livro Os Colegas, 1972.Por vezes, Bojunga prefere ficar na realidade e mostrar então o seu olhar psicológico penetrante: Seis Vezes Lucas, 1995, descreve, como na obra anterior, Tchau, 1984, a infidelidade, conflitos matrimoniais e divórcio do ponto de vista impotente – mas esperançoso – da criança. Bojunga entra sem medo no domínio dos adultos, na sua escolha de justificativas encostando-se com todo o direito à sua enorme capacidade de concretizar e personificar as sombras interiores em histórias fáceis de entender. Como Hans Christian Andersen, com quem se aparenta claramente, Bojunga equilibra-se com perícia na linha entre o humor e o sério. No seu mais recente livro, Retratos de Carolina, 2002, domina o sério. Esta escritora fascinada pelo experimento tenta aqui novos caminhos. Em uma narrativa que se aproxima da formas do meta-romance, permite que o leitor siga o personagem principal desde a infância até à vida adulta. Deste modo, Bojunga rompe as fronteiras da literatura infanto-juvenil e preenche assim as ambições que enuncia no texto final e no prefácio do livro: dar lugar a si própria e às personagens que criou dentro duma sócasa, “uma casa que eu inventei”. As obras de Bojunga estão traduzidas para várias línguas, entre as quais francês, alemão, espanhol, norueguês, sueco, hebraico, italiano, búlgaro, checo e islandês.
Recebeu vários prêmios, entre eles, o Prêmio Jabuti (1973),
o prestigiado Prêmio Hans Christian Andersen (1982)
e o Prêmio da Literatura Rattenfänger (1986).
Fonte:www.alma.se/upload/alma

A BOLSA AMARELA, de Lygia Bojunga

TÍTULO: A BOLSA AMARELA
AUTORA: LYGIA BOJUNGA
EDITORA:Casa Lygia Bojunga
ILUSTRAÇÃO:Marie Louise Nery

Na categoria infanto-juvenil A bolsa amarela - a terceira obra escrita por Lygia - foi o livro mais procurado em 2009 nas bibliotecas públicas do Rio. 35ª edição, 19ª reimpressão Nº de páginas: 140ISBN: 85-89020-03-7

Nele encontramos o ludismo que sempre esteve presente nos livros de Lygia, mas que aqui atinge um perfeito equilíbrio entre a liberdade do imaginário e as restrições do real. A Bolsa Amarela é a história de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela ) – a vontade de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação – por si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio "criança não tem vontade" – essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa, e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa.

Traduzido em vários idiomas, o livro foi encenado em teatros do Brasil, Bélgica e Suécia.

LIVRO - A Troca



Por Lygia Bojunga:


"Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.


Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.


De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.


Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.


Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão:o livro agora alimentava a minha imaginação.


Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.


Foi assim que, devagarzinho, me habituei com essa troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar".

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

"A leitura é uma das capacidades mais importantes do ser humano. Indispensável em qualquer atividade, é uma das principais condições de autonomia e sucesso na vida. Por isso, quem aprende a ler bem todo o tipo de texto adquire um valor seguro que nunca mais irá perder.
(…)
Para viver com autonomia, com plena consciência de si próprio e dos outros, para poder tomar decisões face à complexidade do mundo atual, para exercer uma cidadania ativa, é indispensável dominar a leitura. Determinante no desenvolvimento cognitivo, na formação do juízo crítico, no acesso à informação, na expressão, no enriquecimento cultural e em tantos outros domínios, é encarada como uma competência básica que todos os indivíduos devem adquirir para poderem aprender, trabalhar e realizar-se no mundo contemporâneo.
(in site do Plano Nacional de Leitura)
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
"A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo."
Paulo Freire
Afinal por que se afirma que é tão importante ler?
Para responder a essa questão, vamos lembrar que o texto - seja de que natureza for - está sempre pronto a ser compreendido, decifrado e interpretado. O processo da leitura exige um esforço que garante uma compreensão ampliada do mundo, de nós mesmos e da nossa relação com o mundo.
Na Roma antiga, o verbo "ler" - do latim legere - além de ler, também podia significar "colher", "recolher", "espiar", "reconhecer traços", "tomar", "roubar". Para os romanos, então, ler era muito mais do que simplesmente reconhecer as palavras e frases dos outdoors de uma avenida, dos índices de desempregos noticiados nos jornais, do discurso político de um candidato à presidência da República, de um poema ou de um conto, de um romance ou de um filme.
Ler é compreender os discursos, mas também é completá-los, descobrindo o que neles não está claramente dito. Talvez "recolher" seja buscar as pistas que o texto tem, "espiar" seja distanciar-se um pouco e não de imediato aquilo que está sendo proposto, "tomar" e "roubar" talvez queira dizer estar prontos a captar, capturar, se apropriar daquilo que está escondido nas entrelinhas de um texto.
Um desfile de palavras vazias? É assim que a leitura se torna criativa e produtiva, pela descoberta dos sentidos do texto e a atribuição de outros. Do contrário, ela se torna apenas assistir a um desfile de letras, palavras e frases vazias, diante de olhos tão passivos, quanto sonolentos.
O mundo simbólico se amplia diariamente. A maior parte dos fenômenos, sejam de natureza política, econômica, social ou cultural, fazem parte de um registro contínuo do homem. Também a reinvenção da realidade por meio dos textos literários, que constroem uma nova linguagem, nos dá a dimensão das emoções, sentimentos, críticas e vivências do homem, na sua busca de sentido para a existência.
Nos contos, crônicas, romances, poemas, nos mais variados textos criados, há sempre um universo interior e exterior de pessoas que vivem ou viveram num determinado tempo e espaço. Ler os textos escritos e as diversas linguagens inerentes ao ser humano é ampliar o nosso próprio mundo simbólico, é desenvolver nossa capacidade de comunicar e criticar, enfim, é um ato contínuo de recriação e invenção.

(Carla Caruso é escritora e pesquisadora, realiza projetos de capacitação
de professores no Estado de São Paulo.)

CAMINHOS

“Como começar este Clube de Leitura proposto pelo curso “ Ao pé de letra”? No entanto, isto é muito pessoal. É um trabalho que precisa ter um bom começo, firme, bem consolidado, pois caso contrário será mais uma ação que terá um curto tempo de vida. Como fazer???”
O desafio era extremamente interessante, já sabia qual seria o próximo livro a ler: A CORDA BAMBA, de Lygia Bojunga. Tudo porque uma das alunas leu um capítulo – Aula Particular – e fiquei encantada. Mas são tantos afazeres que ainda não consegui lê-lo. No entanto ao procurá-lo nas estantes, me deparei com outros títulos da autora e fui dando uma espiada. Sou muito ligada nas imagens, e para ser sincera, ainda não tinha me dedicado a observar cuidadosamente os livros da autora pois as suas capas não me agradavam. Porém... O que haveria de tão interessante numa bolsa amarela? Fui ver.
Pronto!

Já achei o caminho.

Tenho cinco exemplares. Tenho quatro alunos que topariam esta viagem. Vou convidá-los. Livros distribuídos. Orientações dadas. Mas o objetivo não é ter um grupo restrito. Ah! Voltei aos meus tempos de escola. Lá no “Sérgio Milliet”, escola municipal na qual estudei todo o ensino fundamental, também havia um clube com o propósito de estimular a leitura, mas o funcionamento era bem diferente daquele proposto por este. Naquela época o clube envolvia mais aqueles que já eram apaixonados pela leitura.


Eu não quero só isto. Eu desejo muito mais. Eu almejo que novos alunos flertem com a leitura, almejo chamar a atenção daqueles que ainda não são tão apaixonados, e dos apaixonados fazer com que tenham um tórrido romance com ela.


Foi desta forma que iniciei uma nova viagem. Não basta ler o livro. Pensei: primeiro precisamos fundar nosso Clube de Leitura. Conto com todo apoio da coordenação e direção. Isto é um trunfo. Nossa coordenadora Sandra dispôs o dia 31 de maio para a fundação de nosso Clube de Leitura. Será às 12:00horas.


Mas como será este dia? Preciso chamar a atenção de todos para esta empreitada. Preciso fazer com que mais pessoas se sintam atraídas para o Clube de Leitura. Desta forma fui pesquisar sobre a autora, Lygia Bojunga, afinal autor e ilustrador merecem toda nossa atenção. Leitura puxa leitura. Lá estou eu descobrindo tantas coisas interessantes sobre a autora que preciso compartilhar.


Um painel. Excelente idéia. Colocarei num lugar bem visível para que todos da escola possam ter acesso as informações sobre a Lygia Bojunga e sua obra.


Agora há algo muito importante que vale ressaltar. Se o foco é a leitura, se é através dela que vislumbramos novos horizontes, que tornamos melhores nossas produções de texto e aumentamos nosso conhecimento, nossa cultura, preciso explicar a escolha do título.


No livro, a menina Raquel tem três sonhos, os quais guardará em sua BOLSA AMARELA juntamente com seus novos amigos imaginários. Qual de nós não possui sonhos? Qual de nós não possui dúvidas? Qual de nós não gostaria de ter amigos fiéis? Compartilhar. É isto que Raquel faz. Compartilha conosco suas dúvidas, seus sonhos, sua convivência com estes amigos e, de repente... Não é Raquel quem conta, somos nós que lá estamos contando um pouco de nossas experiências, de nossas tristezas, vitórias, dúvidas e certezas.


É esta viagem que a leitura nos proporciona. Olhar dentro de nós e ao redor. Compreender, conhecer, discernir, chorar, vibrar, sonhar, amar... A BOLSA AMARELA é um dos caminhos. E o Clube de Leitura buscará abrir muitos outros.


Sejam bem-vindos!!!

Lúcia R. N. Munis
Professora Orientadora de Sala de Leitura.

Opinião de Walter e Jonathan sobre o livro "A MULHER QUE SUBIU AO CÉU", de Célia Cris Silva

"A autora Célia Cris Silva mostrou a realidade do interior; aprendemos palavras novas, descobrimos que existe dificuldade para ir ao posto para cuidar da saúde e que a benzedeira cuidava da saúde da população. Também aprendemos um pouco da cultura popular, quando ela conta que existe em algum lugar do mundo uma escada que leva ao céu e que a fé e a religião são muito fortes no interior do Brasil. Nós adoramos" !!!

Walter Oliveira e Jonathan Rodrigues 4ª A

Opinião de Salomão sobre o livro "MARIA DO PRANTO", de Célia Cris Silva

"Eu achei interessante o livro "MARIA DO PRANTO", porque a autora Célia Cris Silva fala sobre uma menina que chora muito e ela sempre tem apelido na escola. Outra coisa interessante, é que eu aprendi coisas da cultura popular como sobre as benzedeiras, as simpatias e as carpideiras, eu achei muito legal este livro".

Salomão Bastos 3ª A

Opinião de Samuel sobre o livro "OS OLHOS DE TONINHO", de Célia Cris Silva

"Bom, eu achei a estória muito boa, porque ela relata um fato real, e em muitos dos casos os pais da criança só descobrem o problema na escola como no livro. A Célia Cris Silva foi muito feliz por visar um problema que acontece com frequência, e eu acho que o governo deveria prestar mais assistência a essas crianças, pois muitas delas não têm condições de ir ao médico. Livro muito bom, Adorei !!!"



Samuel Nunes de Moura 8ª C

Opinião de Carlos e Morgana sobre o livro "ANA e ANA", de Célia Cris Silva

"Nós achamos interessante o fato da autora Célia Cris Silva nos mostrar a diferença de gêmeos, que são iguais por fora, mas diferentes por dentro, e que essas diferenças merecem ser respeitadas. Dificilmente encontramos histórias com personagens afrodescendentes, e, a autora valoriza essa característica do povo brasileiro. Também é importante falar que a autora em seus livros, não só em ANA e ANA, ajuda a combater o bullying, pois ela mostra que é importante respeitar o próximo".

Carlos Henrique Santos de Macedo 7ªA
Morgana Sayonara Soares Melo 8ª B