segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os 5 livros que marcaram a juventude de Lorena Calabria por: Marion Frank


Jornalista e amante dos livros, Lorena Calabria indica cinco obras inesquecíveis (Foto: Marcos Rosa)

A carioca Lorena Calabria, 45 anos, é jornalista. Dessas que tem o rosto conhecido de tanto já que apareceu na TV (Bandeirantes, Cultura, MTV, GNT, Record e Globo, entre outras). Este ano é a voz que vem ganhando destaque por apresentar, ao vivo, o programa Radio Café, na OiFM São Paulo – mas, a partir de 31 de março, também vai trabalhar como âncora do Sonora Livre, programa semanal do portal Terra. Mãe das gêmeas Dora e Catarina, de oito anos, é o caso de questionar desde já se lhe sobra tempo, no dia a dia, para se dedicar à leitura.
Acontece que uma das prioridades de Lorena – casada com Mauricio Arruda, diretor e roteirista da Rede Globo –, ao se mudar para São Paulo, em 1990, foi acomodar os livros na bagagem. “Não era uma grande coleção, mas eles tinham um enorme valor para mim e fizeram companhia nos primeiros anos por aqui”, conta. Lorena não teve a sorte de herdar a biblioteca de um parente, muito menos o hábito de leitura dos pais. “Fui descobrindo esse prazer aos poucos e hoje me orgulho de transmiti-lo para as minhas filhas”.

O prazer da leitura veio com outros, agregados.  Caso de garimpar em sebos e visitar as feiras de livros atrás de raridades, por exemplo. Para ela, fazer a lista dos cinco livros favoritos foi “um trabalho hercúleo… Optei por escolher os que me lembraram a fase em que a literatura andava lado a lado com o cinema e a música na minha lista de interesses”, reconhece. São leituras que datam do período entre 18 e 24 anos, quando Lorena cultivava o hábito de colocar mês e ano na primeira folha do livro adquirido.

Feliz Ano Velho (Marcelo Rubens Paiva)


"Era leitura obrigatória na época em que foi lançado (1982). E, para quem tinha quase a mesma idade do escritor, o livro falou bem alto. Era a primeira vez que alguém escrevia sobre o que se passava com a gente: incertezas, descobertas, amores etc. Tudo isso com um humor que, anos depois, percebi ser característica do Marcelo, tanto como autor como pessoa. Ele passou por poucas e boas e mesmo assim sempre manteve essa invejável alegria de viver. Nós nos aproximamos por amigos em comum e, depois de ter vindo para São Paulo, a amizade deslanchou. Voltando ao livro, Feliz Ano Velho foi o meu primeiro romance de formação. Ele falava não só a minha língua, mas também a de toda uma geração que se viu adulta nos anos 80, sem ideais para lutar, mas sabendo que a barra tinha pesado e deixado marcas profundas”.



O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde)
“A cada vez que me lembro do livro (publicado em 1890) fico impressionada com a sua contemporaneidade. O desejo de controlar o envelhecimento, a obsessão por permanecer jovem e belo – a aparência, acima de tudo. Lembro de ter devorado o livro num fim de semana e depois voltado a ele e sublinhado passagens… Uma experiência vertiginosa! Ela me revelou a acidez do texto, a perspicácia de Wilde, ardiloso e também espirituoso. Isso tudo mais o talento de frasista. Cheguei a ver uma adaptação do livro para o cinema, mas ela me causou desconfiança. Porque aquela atmosfera sinistra do livro jamais será retratada, tem de ficar ‘presa’ na nossa imaginação”.







Os Sofrimentos do Jovem Werther (Johann Wolfgang Goethe)
“Ainda não li algo que seja superior na categoria ‘histórias de amor’. E olha que tem muito concorrente de peso! Para mim, ele é ‘A’ historia de amor, a do Amor puro, desmedido, dilacerante. O sentimento vai tomando conta do personagem e o leitor vira cúmplice do amor não correspondido. O sofrimento de Werther funciona como aula do amor incondicional com aquela sensação de que sofrer por amor enobrece o ser humano… Anos depois, o meu olhar sobre o livro ganhou outra dimensão, após a leitura de ‘Fragmentos de um Discurso Amoroso’, de Roland Barthes, onde a obra de Goethe ganhou várias citações. O foco passou a ser a idealização do ser amado e acabei revivendo, pelas mãos de Barthes, a emoção da primeira leitura de Werther.”





Pé na Estrada (Jack Kerouac)



“Tem livros que fico com medo de reler e estragar o impacto da primeira vez… Pé na Estrada é um deles. Alguma coisa acontece, quando você tem 20 anos e lê ‘a Bíblia dos beatniks’ – a narrativa desenfreada e o turbilhão de sentimentos bateram em mim como uma música que leva ao transe. Embarquei de cara naquela viagem e fiquei anos fantasiando o ‘meu’ Pé na Estrada. Na verdade, o mais perto que cheguei foi uma viagem à Califórnia dez anos depois, com direito a rodar pela lendária Route 66… foi quando o desvario de Kerouac e de toda a turma apareceram como fantasmas ao meu redor. Posso garantir que não estava alterada por alguma ‘substância’, era mesmo só emoção e delírio. Hoje, o que ficou do livro foi muito mais importante do que seguir os passos de Jack Kerouac: a vontade de por o pé na estrada está presente toda vez que deixo a poeira para trás e sigo em frente, usando como bússola o meu coração”.

A Espuma dos Dias (Boris Vian)
“Esse é, com certeza, o menos conhecido da minha lista, mas não menos importante. Cheguei a ele por acaso, procurando por novidades numa feira de livros do Largo do Machado, no Rio. Lembro que fiquei impressionada com a linguagem, o livro tem um estilo único, cheio de passagens com toques surrealistas. Era ao mesmo tempo onírico e real, fazendo brincadeiras com personalidades como Jean-Paul Sartre que vira ‘Jean Soul Partre’. Foi ele que me abriu as portas para outros universos literários, como o realismo fantástico. O que ficou daquela bela e triste história de amor foi o valor da amizade e do afeto que une algumas vidas e são impassíveis diante da morte.”




Fonte: Educar Para Crescer. 


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